Mais conhecido como característico do Minho, o vira é todavia também bailado em muitas outras províncias, entre as quais a Estremadura. Vários foram os tipos de viras que colhemos: "Vira Antigo" (Reguengo Grande, Lourinhã e Casais Gaiola, Cadaval), "Vira das Sortes" (Olho Marinho, Óbidos), "Vira Valseado" (Outeiro da Pedra, Leiria), "Vira de Costas" (Colaria, Torres Vedras), "Vira das Desgarradas" (Reguengo Grande, Lourinhã), "Vira Batido" (Casais Gaiola, Caldas da Rainha), "Vira de Três Pulos" (Assafora, Sintra), "Vira de Dois Pulos" (Lagoa, Mafra).
Como se vê, se o nome da maior parte deriva de particularidades coreográficas, outros há que resultam da função que exercem, como é o caso do vira das sortes, que era especialmente tocado, pelas ruas e no baile respectivo, quando os rapazes iam às sortes; e o vira das desgarradas, que se tocava no princípio do «bailho» («ao armar do bailho») enquanto não se reunia toda a mocidade e também por vezes nos intervalos, tendo como característica o ser cantado ao desafio entre as raparigas e os rapazes.
Duarte Ramos, tocador de flauta de Lagoa, Mafra, 1988, tocando o «Vira de Dois Pulos».
Colhemos grande número de viras e verificámos o favor de que gozava este género músico-coreográfico por todo o país estremenho. A forma coreográfica que registámos é novamente sucedânea da roda: os pares, «agarrados», formam uma grande roda, que evolui no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. A certa altura, os rapazes abandonam os pares na roda e dirigem-se ao centro, onde batem com o pé direito e regressam, «arrecuando» até aos respectivos pares. A roda recomeça a girar e, da próxima vez, são as raparigas que vão ao centro e assim sucessivamente.Já em Casais Gaiola, Painho, Cadaval, o vira batido nunca era dançado com os pares agarrados. Ao início, após a formação da roda, vão os rapazes ao meio onde batem os pés por três vezes, logo retomando o seu lugar na roda. Depois, é a vez de as raparigas fazerem os mesmos passos. Estas regressam à roda justamente quando a música ganha um andamento mais rápido, altura em que os pares «passam» até atingir o seguinte, após o que regressam, sempre ao «ritmo valseado», ao par inicial. Andam sempre «desagarrados».
Arraial de Santo Antão, Óbidos, 17-I-1998.
As origens do vira, que alguns situam no ternário da valsa oitocentista e outros buscam mais atrás, no fandango, parecem ser de remota idade, como defendeu Gonçalo Sampaio e também Sampayo Ribeiro, que as coloca antes do século XVI e levanta mesmo a hipótese de filiação no tordião.
Tomaz Ribas considera o vira uma das mais antigas danças populares portuguesas, salientando que já Gil Vicente a ele fazia referência na peça Nau d’Amores, onde o dava como uma dança do Minho. Note-se, a respeito de filiações e semelhanças, a proximidade do «Vira de Dois Pulos» de Lagoa, Mafra, que transcrevemos, com o fandango.
in http://www.attambur.com/Recolhas/Estremadura/Dancas/vira.htm
Como se vê, se o nome da maior parte deriva de particularidades coreográficas, outros há que resultam da função que exercem, como é o caso do vira das sortes, que era especialmente tocado, pelas ruas e no baile respectivo, quando os rapazes iam às sortes; e o vira das desgarradas, que se tocava no princípio do «bailho» («ao armar do bailho») enquanto não se reunia toda a mocidade e também por vezes nos intervalos, tendo como característica o ser cantado ao desafio entre as raparigas e os rapazes.
Duarte Ramos, tocador de flauta de Lagoa, Mafra, 1988, tocando o «Vira de Dois Pulos».
Colhemos grande número de viras e verificámos o favor de que gozava este género músico-coreográfico por todo o país estremenho. A forma coreográfica que registámos é novamente sucedânea da roda: os pares, «agarrados», formam uma grande roda, que evolui no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. A certa altura, os rapazes abandonam os pares na roda e dirigem-se ao centro, onde batem com o pé direito e regressam, «arrecuando» até aos respectivos pares. A roda recomeça a girar e, da próxima vez, são as raparigas que vão ao centro e assim sucessivamente.Já em Casais Gaiola, Painho, Cadaval, o vira batido nunca era dançado com os pares agarrados. Ao início, após a formação da roda, vão os rapazes ao meio onde batem os pés por três vezes, logo retomando o seu lugar na roda. Depois, é a vez de as raparigas fazerem os mesmos passos. Estas regressam à roda justamente quando a música ganha um andamento mais rápido, altura em que os pares «passam» até atingir o seguinte, após o que regressam, sempre ao «ritmo valseado», ao par inicial. Andam sempre «desagarrados».
Arraial de Santo Antão, Óbidos, 17-I-1998.
As origens do vira, que alguns situam no ternário da valsa oitocentista e outros buscam mais atrás, no fandango, parecem ser de remota idade, como defendeu Gonçalo Sampaio e também Sampayo Ribeiro, que as coloca antes do século XVI e levanta mesmo a hipótese de filiação no tordião.
Tomaz Ribas considera o vira uma das mais antigas danças populares portuguesas, salientando que já Gil Vicente a ele fazia referência na peça Nau d’Amores, onde o dava como uma dança do Minho. Note-se, a respeito de filiações e semelhanças, a proximidade do «Vira de Dois Pulos» de Lagoa, Mafra, que transcrevemos, com o fandango.
in http://www.attambur.com/Recolhas/Estremadura/Dancas/vira.htm
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