terça-feira, 9 de junho de 2009

Valsa de dois passos


A conhecida valsa de dois passos, tão popular também noutras províncias (Ribatejo, Alentejo, Beira Baixa, Beira Litoral), é muito do agrado dos estremenhos, que a bailam com grande vigor e galhardia, por vezes até com alacridade.
Musicalmente é uma mazurca, pois apresenta a característica acentuação no segundo tempo do seu compasso ternário.
Maurice Louis informa que os compositores que se dedicaram à mazurca aproximaram-na musicalmente da valsa a três tempos, donde surgiu a moda de «valsar» a mazurca. Deverá encontrar-se aí a raiz, musical, coreográfica e terminológica, da nossa popular valsa de dois passos. De origem polaca, a mazurca difundiu-se até Portugal durante o século XIX, tal como aliás sucedeu com outras danças europeias. A nível popular ganhou o nome de «Valsa de Dois Passos» ou «Moda de Dois Passos», em virtude de a dança começar com dois passos laterais para a esquerda, seguidos de outros dois para a direita.
Na verdade, a sua coreografia é praticamente uniforme em toda a Estremadura: pares agarrados, colocados em roda. Começam por dar dois passos laterais no sentido do interior da roda, regressando logo à posição inicial. De seguida, dão dois passos laterais para o exterior da roda, voltando com outros dois ao ponto inicial. Depois, os pares, agarrados, «valseiam», isto é, bailam girando sobre si próprios, do mesmo passo que a roda grande gira no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, até atingir o fim do trecho musical, altura em que tudo, música e coreografia, volta ao princípio.Gravámos valsas de dois passos nos concelhos de Lourinhã (Miragaia, Seixal, Pinhoa, Reguengo Grande, Atalaia de Cima), Torres Vedras (Monte Redondo, Póvoa de Penafirme, Maxial, Colaria, Bogalheira, Cadriceira, Freiria, Assenta), Óbidos (Olho Marinho), Alenquer (Grila), Porto de Mós (Tojal), Leiria (Outeiro da Pedra), Sintra (Belas, Assafora), Caldas da Rainha (Relvas, Cruzes, Casais Chiote, Casal Valinho) Cadaval (Casais Gaiola) e Mafra (Lagoa, Sobreiro, Paúl, Casal do Pereiro).
A valsa de dois passos foi a terceira espécie músico-coreográfica que registámos na Estremadura. Seleccionámos, para transcrição, o formoso exemplar de Maxial, Torres Vedras, que os tocadores de banjolim e violão executam de forma muito viva e com grande virtuosismo, bem como um outro exemplar que gravámos em Olho Marinho, Óbidos, à flauta de cana, também numa bela interpretação, exemplar este que já temos ouvido num ou noutro rancho folclórico da região.



in http://www.attambur.com/Recolhas/Estremadura/Dancas/valsa_de_dois_passos.htm

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